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INÍCIO DE ANO

01/01/2010
02/01/2010
03/01/2010
Fiquei embascada olhando a estante de livros a cismar no mar de palavras a gastarem folhas de papel e pensei nas palavras virtuais e na palavra que vem da fala e concluí que palavras devião ser o ser.
04/01/10
05/01/10
06/01/10 – quarta feira Ontem roubei dois livros sobre cigarros- não revelarei onde. Um manual de como parar “fácil” de fumar e um pequeno romance de uma cara que decide fumar o tal “Último cigarro”. O último post de Tom Zé me animou voltar a escrever, quem sabe sem ou com menos culpa. É, sinto-me culpada quando escrevo e exponho. Imagino que preciso de um novo método. Quem sabe escrever à mão e só ir para a máquina quando estiver com as idéias prontas. Achei boa idéia. Hoje consegui acordar mais cedo: 9h. O objetivo é acordar junto com o sol a se erguer. São 9h51. Já fiz exercícios físicos e de meditação, agora tento organizar o dia. Estive pensando como é essa minha relação com X e de como eu não o entendo suficientemente, principalmente quando ele muda de ânimo por conta daquelas dores no ciático. Acho que essa minha recente sensibilidade diante de sua dor deve-se ao fato de eu também tê-la sentido em meus próprios nervos dia desses. Em seres arrogantes como eu só nossa própria dor pode sensibilizar a dor do outro. Mas e ele até onde me entende? Até onde sente meus ais dos meus não-ciáticos? Ontem ele ligou e disse que virá aqui me fazer uns carinhos, gosto disso. Quanto a escrever, aqui está o exercício. Tenho tido boas idéias, mas como o cara disse não se faz literatura com idéias e sim com palavras, isto aqui é um exercício. Uma espécie de aquecimento verbal. Gostei muito dos últimos filmes que loquei –credo, que palavra horrível! – “Nome Próprio” e o “Anticristo”. O primeiro só nas legendas finais entendi a sua familiaridade: trata-se de uma adaptação de alguns livros daquela autora que esqueci o nome e que eu e Natália lemos – engraçado mandei um deles de presente para Babi no Natal. O enredo conta a história de uma moça escritora às voltas com seus relacionamentos conturbados e fracassados, sua profunda depressão e desejo de escrever. Quando os li já havia percebido ali a verve Bukowskiniana nas linhas da moça. O filme reforçou esta impressão. Mas o que tem de legal nesse filme é como o processo de escrita se dá com a personagem. Como ela num dado momento percebe que já estava tudo ali disperso e de como ela junta esses textos. Gostei dessa metáfora de vida e palavras dispersas, também me sinto assim, espalhada. Por isso essa fobia e ginástica para produzir concentração. Sobre o Anticristo. O filme dá engulhos. Né fácil não ver o sangue espirrar de um pinto e uma tesoura cortar um clitóris. Urg , só de pensar! Comecei a assisti-lo na passagem do ano. Não consegui, dormi. No dia primeiro inda tinha a impressão chocante daquelas cenas e mal acordei voltei a elas e dessa vez até o final. De modo que a primeira coisa que fiz este ano foi assistir esse filme. Uma tragédia? Interpretei todos aqueles fenômenos como a força da natureza. Mais tarde li que o filme de Lars nos apresentava a vida como criação do demônio, não de um Deus bonzinho. Sem dúvida esse Deus bonzinho é muito fracote perto da natureza. Como, sua criação também? Então o cara não era tão bonzinho assim. Ah! as favas com a metafísica ocidental e seus deuses bonzinhos. Estamos de miséria até nossos pescoços a crer em deuses bonzinhos? Ora, eis o motivo da esquizofrênica relação do homem com o planeta, o pobre crê numa natureza boa, crê que ela seja mesmo a realização de um Deus bom? E nós, seríamos o que então? Lars Von diz que fez este filme sob uma depressão muito dolorosa numa espécie de sublimação dessa dor. “É Lars, mas os caras querem diversão, entretenimento para disfarçar e esquecerem as suas próprias mazelas exitenciais, não seja tão profundo.”
7/01/10
8/01/10
09/01/10 Ali estatelados diante do farol de três fases, naquela esquina conhecida de minha infância, eu, dividida entre qual caminho seguir, qual rosto olhar, pensar, esquecer, não pensar, lembrar, do mudo silêncio de meu peito de teus lábios ouvi murmurar: “...chupar uma manga madura?” A pergunta abismal arremessou-me no desvão longe no vagoverso. Eu Alice no poço e tudo desde então nunca mais fez tanto desentido. “É tarde! É tarde!” Nunca mais iríamos juntos a lugar algum lugar. Nenhum. Nunca mais. Nunca mais. Onde havia uma faixa de segurança? Ali na frente...esse Mac Donald’s, eu nunca havia notado ele aqui... E você riu: “Sim, quer chupar uma manga bem madura e doce?” Nem aquela loja de ...doces? “Come chocolate pequena suja...” Gostava particularmente quando me repetisse esses versos daquele poema comprido como a vida da gente, meu pai. Você não. Você ria e me fazia pensar em mangas maduras, gordas, carnudas, amarelomangavemelhorosa. Pra que tanta gente no mundo, meu Deus? Gente e pernas. Gentes e perna. Pra quê? Por que de mim e de você. Por quê? Nunca mais, por quê? Fim de relacionamento é assim mesmo. É o processo de luto acontecendo em você – explicava-me você, meu defunto. Eu, viúva de marido vivo, nem sei se ouvia. Tremenda demência é isso que é. Passar toda a existência toda atrás de pintos ou bocetas que nos escapam às mãos. Demente, eu estaria demente? Do que tinha medo eu? Faça-me o favor! E quem era esse que te podia causar assim tanto medofalta? Este tampinha?! Essa rolinha, aí? Não fosse o doce de mangas maduras...Sim meu bem! O doce das mangas maduras. Chupe-mo-nas! Sentirei muita falta dos teus abraços lassos na minha cintura e do som do teu violão, só isso. O semáforo abriu. Depois da sua partida passou a não ter muita coisa pra fazer – amor ocupa muito tempo da gente - e deu pra ficar espiando os vizinhos da janela. Aquela ali estava doida pra dar. Podia-se bem percebê-la. Aquele olhar da gata no cio. Ainda agora mesmo a via saindo no portão - Ia a padaria? – perfumada, bico vermelho, roupa colada, cabelos molhados, a respirar assim profundamente e a arrebitar o nariz e a bunda. Hum, sim. Dois homens também cruzam-lhe o caminho...Não ela não me viu ou fingiu não me ver? Olharão pra trás? Esticarão seus narizes olhos e bocas naquela bunda? Ela se virará para conferir como quem nada quer a arrumar o salto da sandália. A guerra, Lisístrata, continuará? 10/01/2010
11/01/2010
13/01/2010
14/01/2010
15/01/2010
16/01/2010
17/01/2010
18/01/2010 segunda-feira Estou perto de completar 45 anos. 45, repito como quem quer sentir o tamanho da coisa. 45. Não, não me pesem ainda estes número. Não me incomoda ainda a presença destes fios brancos na testa, nem essa repentina flacidez da carne entre minhas pernas... Daqui os vermes não levarão o melhor da festa. Desse naco consumi, até aqui, eu.
19/01/2010 Há algo de naturalmente epifânico em acordar cedo, madrugar, cair da cama, levantar com as galinhas. Antes de mais nada o ar fresco. Nunca mais fresco como esse durante todo dia será o ar que nos vem as narinas nas primeiras horas do dia. Quase úmido. Doloroso no frio e a benção orvalhada dos verões. Porém nunca despercebido. A lembrança das madrugadas úmidas nas paredes dos nossos dias. Madrugadear. Madrugadear e fazer bobagens como observar pedreiros construírem casas em frente a sua e pensar que continuando eles terminam. Madrugadear e lembrar das menininhas órfãos da avó minha vizinha as amigas da pequena Isadora. E pensar em fazer junto com elas um jardim suspenso de feijões para que lidem com a vidamortevida. Madrugadear e lavar a louça suja do dia anterior desorganizadamente posta na pia como se quisesse me lembrar o fim d e todo dia. Enfrentá-las a louça e a vida nas prateleiras da existência finita. O som de Piazzola com Jobim. Lembrar que estamos na América Latina e que a China agora domina o mercado financeiro e pensar que eu jamais amei de verdade. Atender o maldito telefone. Olhar no visor o nome Brasília. Pensar que sonhou com tua prima Sônia hoje que mora em Brasília e ficar confusa. Do outro lado a voz da secretária da Escola também chamada Brasila lhe informa: Maria Cristina a sua licença médica saiu só com 60 dias. A secretária so viu isso agora, esse mês você talvez não terá salário. Fim das epifânias? Ah seu presente de aniversário do Governo do Estado de São Paulo. Pagar o que me devem, nem pensar. Mas roubar, mentir, vilipendiar, perseguir, humilhar, atirar balas de borracha e bombas de gás, ah! isso sim é governar. Às vezes sinto que chego bem perto da loucura absoluta, do destempero mal e ousado, da lucidez mais absurda, mas desisto. Enlouquecer agora, pra quê? Não há mais tempo para tardes na mansarda. O ar agora já não é mais tão fresco e já aprendemos a pensar estrategicamente. Não, essa situação passageira não haverá de contaminar o ar fresco roubado dessa manhã. Respira! Respira! Respira! Adiante. Força. Luta. Seja brava e corajosa. Não te vergas à sina. Os deuses gostam-te assim, heroína. Há um engano aí! Há sim! A vingança seria poder dar um pé no balde dessa porra toda e nem se virar pra ver a água podre escorrendo. Sair andando pela porta de frente, dar de costas e não voltar nunca mais. Não fosse a falta de coragem e não fosse saber que isso é uma tremenda burrice. Viver de poemas ou cantoria? Seria...seria? Certa vez quis entrar pro crime. É, tenho, tinha, meio-irmãos criminosos? Não. Irmãos que já foram meio criminosos. Eles contam uma tal conto no vigário ao otário e ganham uma grana. Viviam assim. Ficaram órfãos de pai no segundo casamento de minha mãe. Daí que aprenderam a se virar com o que podiam e tinham. Daí que certa vez liguei pro meu irmão e pedi pra ele peloamordedeus pra me botar numa parada qualquer do negócio deles. Meu irmão riu- não gargalhou, riu - e disse: Você não serve pro negócio, vai ficar com dó do cara. Não pode ter dó nesse negócio, Maria Cristina.
05/06 de fevereiro de 2010. Sair de casa hoje à noite foi obra do destino. Dei uma carona ao menino Amauri, colega de minha filha , Natália. Um rapaz muito acanhado que me agradece, acho que umas quatro vezes por deixá-lo no portão de sua casa, bem pertinho daqui e do bar-livraria. Já tinha emborcado umas três Hainekens. No bar – e livraria também – obriguei-me a me divertir. Chegamos juntos eu e Mathias. De longe o reconheci. Mathias agora tem falas de patrão. Provoco e ele responde: “Sou foda. Se o cara se atrasa, meto falta, sou o cão. O cara dá aulas na escola privada e lá não falta nem chega atrasado. No serviço público faz o diabo. Falta, não cumpre o combinado, chega atrasado. Sou o cão. Cobro e o cara fica puto. Quando não dá, demito.” Não discordo. Funcionário público é uma merda mesmo. Todo mundo é uma merda. Quem tem juízo, obedece, quem pode manda. Eita época do caralho. Eita país de merda. Quero só saber quem votará , ou melhor, quem não votará no cara. Gosto de colecionar respostas e de provocar a peleguice, às vezes.
cRica

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