Acordos em tornos de cordas dormentes. Nada diziam. De nada sabiam. Não sei porque dei de imaginar coisas...talvez as soubessem? Saberiam?
Nunca soube se souberam.Sei que tenho memória fraca e de que preciso registrar rápido o que me vem...vão me desculpando a caligrafia rápida de meus não-versos, se assim inda puderem...
Tudo que me dizem chega-me do avesso. Do lado de lá. Do lado que não é cá. O outro... descaminhos. Sílêncio. Silêncio. Brasilêncio.
Tudo bem? De novo o “tudo bem?”Novamente. Se me pedirem pra definir o ser humano numa palavra, conceito ou ideia, ei-lo: palavra. Não as que tenho - estou sempre em busca. Onde encontrá-las senão nelas?
Amo-as todas. Palavras do que se passa por lá: romantismo; por cá, casuísmo. Significantes, uní-vos! Menos... senhores significados.
Mas “Tudo bem?” , não.
Vamos espinafrar essa forma de cumprimento!
“Tudo bem?”
“Tudo bem, a puta que o pariu!” ou “O caralho!” Ou inda se preferir não arrumar encrenca, um lânguido “Tudo...” ou um efusivo “Tudo!” - afinal de contas o engarrafamento que você teimosamente enfrentou para estar ali naquela hora talvez tenha aparentado ser seu maior desafio do dia. Nem pense em retribuir com um “E você?”. Vais ficar falando sozinha. Quem te pergunta “Tudo bem?” nunca quer saber algo de você. Este está conectado na função fática. Está só verificando o equipamento. Funciona? Então, tá. “Tudo.”. Teste, teste. Testando.
Agora o ruído. Ouço Cage, e gosto. O homem deu-me ouvidos para os ruídos. Estava precisada disso. Na frente de casa ergue-se um condomínio de sobrados semiluxuosos. Ao lado o vizinho amplia sua casa. Aviões, no alto. Em casa, dentro...bom, em casa, quando há som, há música. Cage compatibilizou som e ruído nesse lar. O silêncio? Regulo eu. E na a escola, ecos: o rumor! Obrigada Cage pelos ouvidos. Vivemos o mal do ser que responde ao que não sabe perguntar. Até porque a pergunta verdadeira é o prenúncio do encontro e ninguém anda com muita vontade de encontros. Mas “Tudo bem?” isso não é uma pergunta. É uma resposta . Desejada. Manipulada como se fosse uma pergunta. Mas é “ a “ resposta.
CRISCA
Comentários
Lamp
Esse negócio dessas pessoas educadíssimas não responderem a gente direito quando a gente chega com toda a sincera/afetuosa cerimoniosidade (ou seja, sem "tudo bem?" e afins) e mesmo assim ficamos à ver navios, porque resposta que é bom, neca da titibiriba!*rsrs
Aliás não sei se é titibiriba ou sisiririca ou bibiruriba ou o caralho (coitado, além dos dragões, ainda enfrentará nonsense words)!
Por outro lado, você ainda não leu o livro da Bentley que te recomendei lá no Satori, né mulé?*rs
Se tivesse lido, não estaria se melindrando com "tudo bem?", não mesmo!
Mas já que mãeomé não vai ao livro, o livro vai até mãeomé:
"A verdade sempre se mostra com o cu. Um pau no cu opera como a seta no detetor de mentiras. O cu não sabe mentir, não pode mentir: você se machuca, fisicamente, se mentir.
A boceta por outro lado, pode mentir com a simples entrada de um pau no aposento - ela faz isso o tempo todo. BOCETAS SÃO FEITAS PARA ENGANAR OS HOMENS COM SEUS JATOS DE SUMO, SUA PRONTIDÃO PARA SE ABRIR E SUAS DONAS IRRITADAS. Aprendi tanto, talvez a coisa mais importante, ao dar o cu - aprendi a ME RENDER. Tudo que aprendi com o outro buraco foi a me sentir USADA e ABANDONADA. (...) Se me pedissem para escolher pelo resto da minha vida um local para ser penetrada, escolheria o cu. Minha boceta foi muito machucada por falsas expectativas e entradas sem convite, por movimentos muito egoístas, muito superficiais, muito rápidos ou muito inconscientes".
-trechinho da página 13 (dentro do primeiro capítulo chamado "A SANTA FODA") no qual ela descreve, entre tantos outros percalços, como descobriu Deus (justo ela, filha de pais ateus) ao ter suas primeiras experiências de entrega à sodomia.
(...)
Ôu : faltam 12 dias pro BLOOMSDAY (e já que vc curte João Gaiola, dá uma escutada no Roaratorio que ele "compôs" em homenagem à Joyce)!
Beijetas cetas!