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10000 METIDAS NO QUINTAL DA CRICA

MAS QUEM KAZZO É CRICA?

Ô Mathias, e não é que viramos nos 10.000. Mas fazer barulho? Sei não...ando tão necessitada de silêncio - acho que até por conta desse Quintal. Alguém uma vez aí atrás me questionou acerca do excesso de exposição que estamos sujeitos num Blog e embora nunca tivesse escrito nada a respeito, a tal conversa nunca me saiu da cabeça. Então já que o assunto emergiu deixa ele boiar...
O que é um Blog? Um espaço cibernético donde basicamente dizemos o que nos dá na telha? Pra mim é isso, ou devia ser. Acontece que está rolando em mim uma baita censura. E além de escrever começei a me ler no Blog e percebi que vou bordando aqui alguém que eu até então nunca havia prestado muita atenção. A Crica. Na verdade ninguém além da minha amiga psicóloga, Leonor, e de uma maneira bem pejorativa e sacana, me chama de Crica - pra ser sincera nunca gostei muito disso e curiosamente estamos de mal há alguns meses por conta de uma conversa bem besta também. Bem, mesmo assim peguei o gancho da Léo e meti na criação do Blog. Mais adiante descobri que crica é também um termo que em Portugal designa vulva. Bati palmas, achei graça e fui dando corda pra essa cona crica numa espécie de fala uterina emotiva disfarçada numa intelectualidade bem superficial. Num quase rompante de lucidez desse trânsito inconsciente de vozes tentei transferir parte dessa fala para o Cricas Divertidas, projeto lá quase abortado por falta de posts.
Enfim, o quadro parcial da angústia é esse: a Crica é uma cona que precisa falar? Uma fala que precisa de cona? Ou apenas uma acefalia muito comum nos mares da minha imaginação que não mereceria de mim tantos cuidados? Aqui ou lá, não sou mais ela e ela não é eu. Comecei a sacar a esquizofrenia no Blog quando passei a assinar alguns posts como Cris e noutros cheguei a inventar nomes. Mas o curioso é que também ia lembrando que quando menina, mas bem menina mesmo, e já escrevia uns poeminhas que ora assinava, Cris, outros Tina, Cristina e uns poucos Maria Cristina. Não me recordo se alguém já havia me dito sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos, creio que não, pois seus versos vieram-me bem mais tarde.
Ainda agora quando vou escrevendo mais essas bobagens e pensando em como me irrito quando me chamam de Maria, Crica ou Tina - suporto apenas Cris ou Cristina- noto que que há muita gente em mim, umas queridas e outras enxeridas pois além de não as ter convidado gostaria que elas dessem o fora desse corpo que não lhes pertence. E como não consigo evitar que às vezes todas essas vozes falem por mim e ao mesmo tempo, tento ficar calada. Inutilmente calada pois parece que até meu silêncio agora deu pra falar, só inda não sei que nome dar a essa outra voz .

Crisalguém

PS: Enquanto ia escrevendo a croniquinha aí em cima lembrava de um email que o meu diplomata dos afetos mineiros, Pedro Paulo, enviou e fui dar uma espiadinha. E não é que é um texto do Saramago sobre o Fernando Pessoa. Creio que se você achou o que eu escrevi - ou a Crica, sei lá! - tão sem graça quanto eu pode ficar mais satisfeito se fizer a leitura desse outro sobre os outros daquele outro clicando aqui.

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E por lembrar em Pedro Paulo, um presente aos presentes pelas dez mil metidas nesse Blog: tá aí a terceira composição que ele me enviou e que tenho o privilégio de publicar:

CONTO AO PAI

Uma lata de sardinha se transformava num vagão de trem pelo engenhoso menino. Desde muito cedo sabia que brincar era coisa séria, que exigia esmero, criatividade e nenhum dinheiro. Após experimentar e compreender a síntese brincadeira-trabalho, como filho mais velho teve que começar a trabalhar desde muito cedo para ajudar seus pais e os nove irmãos. Mas o trabalho era tão prazeroso! Por volta dos dez anos de idade, engraxava sapatos na porta do quartel militar com muito gosto – tempos difíceis, mas alegres. Depois de muitos anos, após ter se tornado pai e ter filhos já jovens adultos, ainda senta no banquinho no fundo da casa e engraxa sapatos silenciosamente; e a mente viaja, leve a planar sobre as memórias cimentadas em seu imaginário – são filmes daquela infância.

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Um século da canção de Tatit com Tom Zé

Valeu, Emerson, pela foto linda

A leitura do livro UM SÉCULO DA CANÇÃO do professor e músico Luis Tatit proposta por Tom Zé em seu Blog é um capítulo inédito e à parte do que se pode fazer de maneira educada, útil, lúdica e saborosa com a ferramenta Blog no universo internáutico. A minitribo de Tom Zé aumenta a cada dia em voz, qualidade de informações, investigações, propostas, opiniões e dessa vez em torno da canção brasileira. A experiência de se fazer uma leitura coletiva através de um Blog é a segunda promovida por Tom Zé que no final do ano passado solidarizou seu espaço para a leitura de Arriscar o impossível do filósofo esloveno Slavoj Zizek. Dessa vez, Luis Tatit, também sensível à iniciativa de Tom Zé, acompanha e dá dicas sobre o assunto. É ir lá pra conferir e participar.

Tom Zé também participa da Virada Cultural de São Paulo nesse fim de semana no Teatro Municipal, dia 2, às 23h55 relançando em um novo cd, do selo Piratomzé Enterprise, as músicas do seu primeiro disco de 1968, Grande Liquidação com as letras revisadas e atualizadas. E nas palavras do próprio tom Zé: A política que segure o rabo!

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Coisinhas que andei vendo e lendo nesses dias:
Entre os muros da escola - pode ser uma ótima pedida se você tiver saco pra assistir quase duas horas de aula numa escola pública francesa que tem muitas coisas em comum com as nossas escolas guardadas as devidas proporções e características. Saí do cinema com a impressão de que o pior da crise mundial está no diálogo ou na falta dele. A expressão Crise de Babel resumiria melhor minha sensação.
Dois documentários :
A VIDA É UM SOPRO – Documentáriso sobre vida e obra de Oscar Neiemeyer. Basfinizei esse aqui a pedido do velho Gegê que é pirado no centenário poeta da arquitetura. Dá pra trazer vários outros textos pra dentro da leitura de quem é e da importância dessa figura no universo da arte, cultura e política contemporânea.
A PALAVRA (EN)CANTADA – Documentário sobre as inquietações entre canção e poesia com depoimentos de José Miguel Wisnik, Lenine, Ferréz, Luis Tatit, Chico Buarque, Gal Costa, Hilda Wilst entre outras tantas feras do cancioneiro e poesia brasileira.
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Catando , ciscando e espalhando dicas por aqui:
O IMPÉRIO DO GROTESCO /Cristiane Costa "‘Quando precisa de audiência, a televisão apela para o grotesco’" "Há 30 anos, o pesquisador Muniz Sodré apontou uma tendência da televisão brasileira: uma certa quedinha pelo grotesco. Num pequeno livro, A comunicação do grotesco, de 1973, ele lançou os fundamentos teóricos... - dica do Wagner no Outra Poesia.
Gosto de revistas e quando posso consumo porque não tenho notebook e gosto de ler no sol,no carro,na fila do banco, sentada no banheiro...
LÍNGUA PORTUGUESA da Editora Segmento. Editora SEGMENTO eu disse! Porque nas bancas tem uma outra da editora Escala que já comprei e só me manquei do engano por conta do tratamento reacionários dado aos temas do idioma. Sim porque se vocês inda não notaram,ô universozinho mais político que é a língua. Enfim, vou repetir mais uma vez editora SEGMENTO. De posse da revista gosto de ir primeiro aos textos do José Luis Fiorin que nos dá dicas geniais de como ler aquilo que nunca está dito ou escrito nos textos dos políticos e da mídia em geral. Quem tem Uol pode acessar os textos da revista online. Quem não tem, ou vai na banca ou passa aqui em casa porque costumo emprestá-las depois de ler.
Inda leio CAROS AMIGOS e vou continuar lendo enquanto a Marilene Felinto estiver lá para lavar minha alma com aqueles textos que cada dia escracham mais os * FDP do PSDB e seu séquito de canalhas cínicos: Professor temporário é produto perverso de José Serra. Um texto como esse daí vale meus 10 paus pra recortar uma cópia e moldurar na sala dos professores.
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Antes de bater essa foto eu disse pro Egberto Gismonti que queria fazer com ele uma foto erótica. Tá vendo porque em geral eu tenho a impressão de que devia ter nascido com a boca costurada? Dá uma espiada na linguinha sexi do rapaz e na cara de otária da moça num flagrante simulacro simancol de bestagens malditas. Ah! No III FESTIVAL DE MÚSICA INSTRUMENTAL DE GUARULHOS os cariocas - tá lendo aí Marlos ?- paparam a maior parte dos prêmios e um guarulhense levou o prêmio por aclamação do júri popular. Não fui nesse último dia, mas minha filha passou por lá e disse que a fila dava volta no Quarteirão do Adamastor. Que torcida, hein! Parabéns e vamos conferir a dificílima justeza das escolhas no CD que a secretaria prometeu gravar. Valeu Estopa! Clique aqui e confira.

E Lampião, eu até topava um barulhinho assim tipo aquele teu textículo sobre os Tchutchuquinhos e o Pipico Muso. Que tal? Posso afinar os instrumentos, ou não?

Bjcas outonais a todos e todas Cricas e Pipicos desocupados que por aqui ousaram e inda ousam se meter.

Comentários

disse…
Menina Maria Cristina, uau!!!este post está tudo, será comentários aos poucos,mas primeiramente, obrigada por colocar essa linda foto do EGBERTO GISMONTI, sou tietissima dele.Eu também leio a Caros Amigos pela Marilene,outro dia até coloquei um pedaço do imagem é tudo que ela escreveu lá em 2007, depois passo para vc,se quiser é claro!
bjus crica querida
crica disse…
Bê, vou te falar: dá um trabalho me dizer...né fácil não. Marilene é nossa canibalística, outra companheira que veio lá de cima foi tietada pela turma cá de baixo e ora acolhida pela turma do meio. Queria mesmo era ler uma revista produzida por ela de pauta, caput a rabus. Quem sabe ? Né não? E olha que a moça não é jornalista! Mas não entendi essa coisa do imagem...hehe explica dinovo, vai!
Bjcas de chifruda - capricorniana - pra chifruda - taurina no ano do Boi. Valeu Bê!
Óia só! Cris querida, comemorando suas 10K visitas, vou te mandar um presentinho...(espero que goste)...*rsrs

Mas então: tô de olho aqui no IV FESTIVAL DE MÚSICA INSTRUMENTAL DE GUARULHOS (já fazendo planos mirabolantes pra 2010)! :-)

E finalmente publicastes o conto de Pedrovsky: coisa boa!

Bom, dentre as tantas dicas boas (e é mesmo linda a foto de Tom Zé e Tatit), destaco o texto da Marilene, que tá FODÁSTICO!


E concluindo, duas recomendações:

1-No programa Saia Justa da semana passada, o último bloco (com tema proposto pela Márcia Tiburi: "A ditadura da opinião") foi realmente formidável e logo logo estará disponível no YouTube. Vale conferir, porque trata justamente da proliferação de idéias/opiniões (das mais incipientes às mais bem sacadas) na blogosfera;

2-De ANTONIN ARTAUD o livro "O pesa-nervos", pra vc, Cris, curtir/mergulhar de cabeça nessa fractalização esquizóide multi-egóica multi-vocal heteronômica e Pirandello-Pessoana!*rsrs
ÔW: a foto com o Gismonti tá maneiraça!! *rsrs
Emerson Leal disse…
Cris, me desculpe. Não sabia que vc detestava ser chamada de Maria. Nunca fiz isso por mal, é que sempre chamo as Marias-Alguma-Coisa de Maria, porque acho um nome formidável.

Foi mau, mermo!
Lampião disse…
Salve Santa Cristina;
Todos os noigrandes numa só mulher!
E melhor, sem a chatice deles ou de seus seguidores.
Por falar em chatice e seguidores, que pé no saco heim; Saramago falando do Pessoa.
Vou avisando (antes que me encham o saco no mail) li todos os dois. Do Fernando tudo
O Sara eu conheço pessoalmente.
É irracível, uma qualidade rara.
Mas eu gostar ou não, não tem a mínima importância.
Mas o legal mesmo é você se achar ezquizofrenica.
Que besteira...hehe.
Ezquisofrenica era a Carie.
Em você cabem mais uma centena de mulheres, fácil, fácil.
Pombas você fala da Leonor, a mulher mais sexual que conheço.
Bem, este comentário tá sem pé e sem cabeça, mas chama-la de Maria Cristina só cabe na boca do Geraldo mesmo .
Bjs
Lamp
Lampião disse…
Cris, ou alguém me ajude.
Não sou muito bom entendedor de textos. Sou péssimo nisto.
Mas é impressão minha ou o Saramago lá nos cadernos dele insinua que Pessoa é maior que Camões?
Logo no começo do texto.
Sei não, se ele insinua isto acho que a constante vinda dele aos trópicos tem lhe feito um mal enorme. Ou seria as aguas do mar?

Mas sendo inxerido como sou, se o Saramago insinua ou não foda-se, o que vocês leitores deste blog acham?
Pessoa é maior que Camões?

Lamp
Emerson Leal disse…
Pessoa fez n'O Infante, um poema de 12 versos, o que Camões não conseguiu fazer n'Os Lusíadas inteiro. Mas uma coisa eu sei: nenhum dos dois é maior que Castro Alves.
Pedro disse…
Cris, querida Cris. Uma hora dessas estão todos juntos aí curtindo nesse sábado gostoso! Me fale sobre o show! Muito obrigado pelas palavras a mim direcionadas nesse post. Bjão, até mais. =)

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