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FIM DO FIM DE SEMANA

"Nas escolas a situação é de calamidade pública. Muitas nem sequer possuem bibliotecas. Não raro, é algum professor que se encarrega de organizar o acervo. Em outras, os livros se atulham sob escadas, corredores ou salas inadequadas. O impacto é extremamente negativo na formação dos alunos. Na idade em que a leitura precisa ser valorizada para que seu hábito se cristalize, o estudante vê livros tratados como entulho. Nada o convencerá mais tarde do contrário: o livro permanecerá entulho, e sua leitura, um ato despido de sentido. "
O trecho acima é de um texto que a ensolarada companheira Bê solidarizou com a gente. Ele foi escrito por uma biblitecária, profissão que não existe na educação pública - ao menos por onde andei.
Só não ouso dar detalhes da infeliz situação das escolas onde leciono pois temo ser acionada - ainda! - pela Lei da Mordaça que prevê punições discsiplinares ou demissão para quem referir-se depreciativamente à atuação governamental. O projeto de lei que revogava essa lei foi aprovado pela câmara dos deputados mas vetado por Serra que alegou caber ao executivo legislar mudanças no regime jurídico do funcionalismo e enviou à assembléia um novo projeto com o mesmo teor da proposta anterior de um deputado petista. Segundo entendidos, essa ação de Serra tende apenas a atrasar o andamento de algo que já devia ter sido feito há muito tempo. Enquanto isso, cautela e canja de galinha não faz mal a ninguém, né?
*************************************
Aí rapaziada o Mathias fez uma pergunta. Ninguém se atreve a responder não?
"Porra, não há nada vivo mais na música contemporânea?"
Minha opinião, querido Mathias, é que nossos ouvidos estão meio caducos mesmo. Pra encontrar novidades como aquelas que defloraram nosso gosto musical nas nossas primaveras vai ser difícil até porque não temos mais o mesmo tesão e o tempo de correr atrás delas. Não nos sentimos mais ouvidos cabaços e qualquer novidade que queira competir com o repertório das três últimas décadas parece covardia.
Mas, por exemplo, Tom Zé em Estudando a Bossa me dá um gostinho do antigo no novo, com direito a muitas risadas Linke descobertas e disso eu gosto. Gosto também da dicção e das letras do Luis Tatit. Hoje por exemplo comprei lá no Sesc Santana o CD Ópera Tupi da Iara Rennó - desconhecidíssima pra mim - que tem arranjos muito bem feitos com trechos do Macunaíma. Uma releitura musical belíssima da obra do Mário. Enfim acho que tem sim muita coisa rolando e viva o caso é que caminhão parado não pega frete e a gente não fica sabendo, né?
É verdade também que não tenho mais tanto saco pra ouvir música como ouvia. Nem antiga nem nova. Sei lá deve ser uma espécie de overdose sonora, mas sou capaz de me emocinar ou simplesmente me alegrar com descobertas sonoras novas ou antigas inda que por acaso cheguem aos meus ouvidos. Como por exemplo o som muito doido do Zumbi do Mato da antiga banda do Marlos Salustiano - vc não gostou do potinho de Nhanhan? Eu adorei. Ou a própria Alegria dos não tão moleques da Antropoesia. Rio á beça com esses caras. E é isso que espero que a música inda faça: revele despretensiosamente em mim uma certa alegria. Penso que não é a música que está morta, eu que às vezes não me sinto muito viva e meio surda também. Então alguém aqui gostaria de engrossar o caldo som dessa canção?
Bjcas Cricas

Comentários

Anônimo disse…
Cris, que bom que você ri quando ouve música.
As vezes acho que não precisa mais fazer música, já existem todas músicas boas.
Quanto ao Tom Zé, eu gosto e muito, principalmente quando ele toca Raul, é sério, ninguém toca Raul como ele.
Ouçam uma banda chamada Beirut, se possível baixem os clips deles, desde Michael Jackson, não via nada igual.
Depois, se me animar, falo dos livros, e dos dois corporativistas que escreveram aquele artigo bobo.
Ouçam tom Zé;
Ouçam os Tatit (todos a família inteira)
Ouçam e vejam a Beirut.

Lamp
Anônimo disse…
Cris, perdi meu cel.... perdi teu telefone, me manda por mail???
beijos
Anônimo disse…
Oi Crica, acho que a internet é um belo meio de se conhecer músicas novas. Veja o caso da Beirut. Não fosse ela e a ajudinha de Capitu eu nunca teria ouvido esse som tão legal que eles fazem. Tom Zé também se reinventa a cada CD. Só não ouvi ainda o som do Marlos, mas a julgar pela inquietude intelectual do nosso amigo, deve ser coisa boa mesmo. Abraços!
Ôpa! Compadre Djenal por aqui? Coisa boa!! Obrigado pelo crédito, meu velho!:-)

Cris: muito obrigado tbm por todo esse apoio! Fico feliz em saber que vc curtiu as músicas q te passei pelo MSN (todas do Pesadelo na Discoteca) e essas mais antigas que vc viu em clip (Potinho de Anhanha, etc)!

As do Pesadelo são mais Hermetianas e as do Menorme ("Potinho de anhanha" entre elas) são mas Ed-Woodianas! Embora pertençam aos idos anos 90, fico orgulhoso de ver que ainda possuem força estética/provocativa!

Sobretudo fico grato por você ter linkado aqui tbm o meu trabalho solo (Animal Apócrifo), que difere do Zumbi apenas por fazer quase que nenhum uso de palavras e por ter um approach mais technóide (Krafttwerk e Aphex Twin como parâmetros).

Pois então, faz algum tempo atrás eu tbm pensava que nada novo surgiria com a mesma relevância das obras dos artistas que adotei como mestres (Zappa, Hermeto, Arrigo, Tom Zé, Bowie, Byrne, John Zorn) ou dos contemporâneos que eu muito admirava/admiro (Les Claypool do Primus e o incansável Mike Patton, vocalista/compositor/letrista de várias bandas importantíssimas do underground: Mr. Bungle, Tomahawk, Fantômas, só pra citar algumas).

Eu estava completamente ERRADO e aliás, não só eu mas todo mundo que já pensou ou ainda pensa assim!

Por isso mesmo que me associei a LAST.FM, porque ela permite que a gente faça descobertas interessantíssimas dentro de nosso universo de predileções sonoras (ou até mesmo fora, o que é ótimo)!

Por causa das minhas pesquisas via LAST eu descobri que o rótulo "MATH ROCK" ao invés de ser mais um blefe cunhado por jornalistas tentando fabricar uma pseudo-novidade, na verdade faz total justiça a uma série de bandas REALMENTE INOVADORAS (que empregam compassos quebrados, quiálteras, politonalidade, polirritmia, experimentação timbrística, letras surreais, etc).

Bandas que DIALETIZAM a crueza e objetividade do punkismo com a sofisticação contrapontística do rock progressivo e do Jazz!

Dentre elas eu destaco/recomendo a banda HELLA (principalmente o álbum "There's no 666 in outer space")!

Zach Hill (o batera) é um verdadeiro Paganini das baquetas!!

Eu, que pensava que tão cedo não veria alguém suplantar os grandes mestres desse instrumento (Tutty Moreno, Gigante Brasil, Max Roach, Bill Brufford, Terry Bozzio, Vinnie Colaiuta, Phil Collins, Dave Weckl, entre tantos outros), fiquei EMBASBACADO quando o vi tocar!!

Quando ouvi HELLA pela primeira vez, pensava que eles usavam uma drum-machine! Mas não: é o ZACH mesmo!!*rsrs

Vale super a pena conferir os vídeos dessa banda no Youtube! O Zach tem uma performance hipnótica! Aliás ele e o guitarrista (Spencer Seim) parecem estar em transe mesmo (e no entanto, muito pouco do que eles tocam é cria do acaso)!*rsrs

Tbm recomendo muitíssimo as bandas YOWIE, The Adventures e Cheval de Frise!

Fora do campo do experimentalismo radical, cancionistas maravilhosos como o Tatit (e, é claro, GUINGA, Macalé e Tom Zé) nos ajudam a ter uma clara noção de que CANÇÃO não tem nada a ver com a pasmaceira "easy listening" que a indústria cultural tenta nos impor como padrão, via massificação marqueteira, através de grande parte das rádios AM/FM!

Canção é cultura sublime! Música popular não é sinônimo de música populista!

No campo da música erudita contemporânea, acho que está rolando o momento inglês (Oliver Knussen e Marc-Anthony Turnage) e finlandês (Kaija Saariaho e Esa-Pekka Salonen), após um longo perído de predomínio ítalo-franco-germânico e russo-balcânico, tanto pré quanto pós 2ª guerra.

Mas acho importantíssimo reafirmar a validade do exercício DIACRÔNICO: grandes criadores (tanto no terreno popular quanto no erudito) cujas obras foram injustamente eclipsadas pelo estardalhaço massificador da indústria cultural (que privilegia a banalidade alienante em detrimento de produtos culturais edificantes), não só podem como devem mesmo ser REDESCOBERTOS!

Tanto aqui no Brasil quanto lá fora continuam existindo muitos minérios a espera de nosso fôlego escavador!:-)

Então vambora escavar, né?*rsrs

Aqui no Brasil eu recomendo Tato Taborda, Lívio Trajtenberg e Jorge Antunes (no campo erudito) e Satanique Samba Trio (no campo do rock experimental)!

Por enquanto é isso!

Depois comento mais!:-)

Há braços!
disse…
Crica querida! como se não bastasse toda esta tragédia do ensino ainda tem "LEI DA MORDAÇA'. é um horror.Estamos sempre a postos a combate-las!
bjus
Anônimo disse…
Pô Marlos, valeu pela indicação da discografia! A partir de sexta espero estar com PC em casa pra baixar esses sons aí, e também os seus né!
Ôpa, compadre: bacana que vc tá com micro em casa agora! Já te adicionei no MSN e inclusive, qdo nos encontrarmos mais pra frente, te mando uns mp3 maneiros pra vc conferir! Essa turma que eu elenquei aí é fera mesmo!

(...)

Crica, comadre combativa-querida:

Deixei um scrap pra Adriana sugerindo uma adesão do Círculo de Leitura à causa anti-AIDS, pra enfrentar o obscurantismo do catolicismo ortodoxo e ajudar a esclarecer a população, distribuindo camisinhas!

Vambora somar forças?

Alguns links úteis:

http://www.aids.gov.br/

http://www.rnpvha.org.br

http://www.sistemas.aids.gov.br

Grande Há-braço!

E que a força esteja contigo, em mais uma semana punk!:-)
Anônimo disse…
Eu gostaria muito de ouvir música de vocês, Marlos e Crica! Mandem mesmo pelo MSN!
Anônimo disse…
Puta que pariu, caralho, a base da vida é a discórdia.
Aqui todo mundo concorda!
Melhor trocar o nome do blog para convento da crica.

Cris, preciso do teu telefone.
Meu estômago tá fudido.
Esofago na verdade.
Preciso de alguma receita, algum chá....
Refluxos noturnos, são terríveis, e pior, me parece doença de viadinho.
Me acuda!
Lamp
disse…
Cris, e os livros errados do Serra? Troca de países, nomes,enfim, o desleixo,descuido da coisa pública e com os contribuintes, como sempre!Para o povo ,nada!
bjus
Anônimo disse…
Esse Lampião é cangaceiro mesmo! Por falar nisso, sabiam que sou amigão da neta do verdadeiro Lampião, aqui em Sergipe? Gente finíssima. E guerreira também.
Anônimo disse…
EU SOU O VERDADEIRO LAMPIÃO!
Lamp
Anônimo disse…
Ops. Foi mal! Falha nossa! Tem falado com a sua neta?
Anônimo disse…
Cris , qto a questão musical, posso dizer que existe muita coisa boa por aí, é que o que há de bom, geralmente tá escondido.Hoje tenho acesso à raridades, excelentes, e de uma turminha nova, mas que ainda preserva um jeito mambembe.Não podemos nos conformar e achar que não há mais nada a ser criado ou descoberto.E pior ainda,não podemos cair na crença falaciosa, de que já conhecemos tudo o que há de bom.

UM ABRAÇO CARINHOSO "PROCÊIS"


ASS:RODRIGO BOTROS
Anônimo disse…
Lampião, pode parecer sacanagem, mas a verdade é que eu concordo com vc. Todo mundo concordando o tempo todo é sinal de alguma coisa não tá encaixando direito. Mas desculpe, vim aqui pra falar com a Maria.

Maria, vc tá melhor? Ou melhor: lembra que falou comigo naquele dia altas horas da noite? Hehe! Na virada cultural a gente se vê.
Crica, quando quiser falar mal do governo, fala baixinho pra mim que eu repito alto! Um processo a mais, um a menos... A respeito da música contemporânea, como diria Madre Teresa de Calcutá, tá foda... Não me lembro de ouvir nada de bom nos últimos vinte anos. Se bem que outro dia me deparei com uma banda de blues nacional excelente! Isto é, boa para quem gosta de blues em português, o que é tarefa para poucos. Chama-se Vera Loca. E voltando a falar das bibliotecas, essa semana a biblioteca do instituto de filosofia e ciências sociais da UFRJ fechou por falta de condições de trabalho! Estamos indo de mal a pior...
crica disse…
Tô devendo retorno de comentários e emails pra todo mundo, né?

Nem vou ficar aqui chorando e justificando que a vida tá difícil, que já estive doente dos nervos esses dias e Isadora também gripada, que na escola não aceitam meus atestados médicos, que não colocam minha vida funcional em ordem nem me pagam o que me devem e que ia preparar comida agora à noite pra segurar a onda daqui de casa amanhã e o gás..acabou. Não, não vou reclamar, porque já notei que piora. Sigo na linha da desgraça é tanta que até parece comédia e já me preparo pra rir da bosta toda. Tô bem pertinho do inferno e pronta pra beijar o capeta na boca: alguém aí quer mandar um recadinho pro Coisa Ruim?
Amo quando vocês passam aqui e como o que está ruim só pode melhorar já,já arrumo um tempo para postar e papear. Ms não me abandonem por favor!


Bjcas Cricas

Alguém aí sabe por que não vendem gás de madrugada aqui em Guarulhos?
Então, Crica, agora que tô sabendo que você tá aí nessa pedreira toda, minha gratidão pelo teu comentário lá no Vulgata fica ainda maior!

Tamos juntos, maluca!

E do jeito que vc é do balacobaco, cê vai é vestir um strap-on e transformar a rabeta do demo numa cratera!

Meu recado pra Satã é o seguinte: CÊ TÁ FODIDO NA MÃO DA CRICA, pq ela dá de 100 no Sadam Hussein!*rsrsrs

(cê viu South Park, o filme?)

No mais é isso aí: firmeza, pq tudo vai miorá!:-)


Há braços (os seus/meus/nossos, laboriosos)!

p.s. Compadre Rodrigo: bacana ver vc por aqui!:-)
Poxa, não tenho nenhum comentário acalentador, mas lembro de uma frase que - entre outras tragédias - meu pai gostava de me dizer: nada é tão ruim que não possa piorar! Eu sei, meu pai sempre falou muita besteira, mas pense que estar sem gás de noite em Guarulhos é melhor do que sem luz! E quando estiver com o capirota, diga-lhe que sinto saudades! Beijo!
disse…
E!é isso, seu pai sabe das coisas, esse é meu "mote incentivador":"SEMPRE PODE FICAR PIOR!" O QUE SIGNIFICA , QUE ESTÁ ÓTIMO AGORA!Maria Cristina, vai melhorar querida,todo o meu carinho à você.
bjus
wagner pires disse…
Paranóia e mitificação: li comentários, ainda sobre diacrônico, sincrônico, e isso é uma bobagem. Fosse da minha área de estudos - linguística - a pessoa não estaria se vangloriando ao reconhecer par antitético. Ela provavelmente saberia qual é o objeto a que fiz referência. Não vou ficar nessa conversa, porque mesmo ela não importa: o sociocognitivo é que atrai interesse, poucas pessoas estão trabalhando, fora das "estatais", com a linguística "histórica".
Quanto à literatura que comentei, em seu tempo, ela ajudou a valorizar essa abordagem. Só isso. Sinceramente, abrações......

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