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MEDICINA FAZ MAL À SAÚDE

O médico Vernon Coleman diz que os hospitais mais matam do que curam e que é preciso ser muito saudável para sobreviver a um deles

Sérgio Gwercman

Um selo colado na testa advertindo sobre os perigos que podem causar à saúde. Se dependesse do inglês Vernon Coleman, esse seria o uniforme ideal dos médicos. Dono de um diploma em medicina e um doutorado em ciências, Coleman abandonou a carreira após dez anos de trabalho para ganhar a vida escrevendo livros com títulos sugestivos do tipo Como Impedir o seu Médico de o Matar.

Autor de 95 livros, o inglês é um auto-intitulado defensor dos direitos dos pacientes. Em seus textos, publicados nos principais jornais do Reino Unido, costuma atacar a indústria farmacêutica – para ele, a grande financiadora da decadência – e, principalmente, os médicos que recusam tratamentos que excluam a utilização de remédios e cirurgias. Dono de opiniões polêmicas, Coleman ainda afirma que 90% das doenças poderiam ser curadas sem a ajuda de qualquer droga e que quanto mais a tecnologia se desenvolve, pior fica a qualidade dos diagnósticos.

"Os médicos estão entre as três causas de morte atualmente"

Como um médico deve se comportar para oferecer o melhor tratamento possível a seu paciente?

Os médicos deveriam ver seus pacientes como membros da família. Infelizmente, isso não acontece. Eles olham os pacientes e pensam o quão rápido podem se livrar deles, ou como fazer mais dinheiro com aquele caso. Prescrevem remédios desnecessários e fazem cirurgias dispensáveis. Ao lado do câncer e dos problemas de coração, os médicos estão entre os três maiores causadores de mortes atualmente. Os pacientes deveriam aprender a ser céticos com essa profissão. E os governos, obrigá-los a usar um selo na testa dizendo "Atenção: este médico pode fazer mal para sua saúde".

Qual a instrução que pacientes recebem sobre os riscos dos tratamentos?

A maior parte das pessoas desconhece a existência de efeitos colaterais. E grande parte dos médicos não conhece os problemas que os remédios podem causar. Desde os anos 70 eu venho defendendo a introdução de um sistema internacional de monitoramento de medicamentos, para que os médicos sejam informados quando seus companheiros de outros países detectarem problemas. Espantosamente, esse sistema não existe. Se você imagina que, quando uma droga é retirada do mercado em um país, outros tomam ações parecidas, está errado. Um remédio que foi proibido nos Estados Unidos e na França demorou mais de cinco anos para sair de circulação no Reino Unido. Somente quando os pacientes souberem do lado ruim dos remédios é que poderão tomar decisões racionais sobre utilizá-los ou não em seus tratamentos.

Você considera que os médicos são bem informados a respeito dos remédios que receitam a seus pacientes?

A maior parte das informações que eles recebem vem da companhia que vende o produto, que obviamente está interessada em promover virtudes e esconder defeitos. Como resultado dessa ignorância, quatro de cada dez pacientes que recebem uma receita sofrem efeitos colaterais sensíveis, severos ou até letais. Creio que uma das principais razões para a epidemia internacional de doenças induzidas por remédios é a ganância das grandes empresas farmacêuticas. Elas fazem fortunas fabricando e vendendo remédios, com margens de lucro que deixam a indústria bélica internacional parecendo caridade de igreja.

E o que os pacientes deveriam fazer? Enfrentar doenças sem tomar remédios?

É perfeitamente possível vencer problemas de saúde sem utilizar remédios. Cerca de 90% das doenças melhoram sem tratamento, apenas por meio do processo natural de autocura do corpo. Problemas no coração podem ser tratados (não apenas prevenidos) com uma combinação de dieta, exercícios e controle do estresse. São técnicas que precisam do acompanhamento de um médico. Mas não de remédios.

Receber remédios não é o que os pacientes querem quando vão ao médico?

É verdade que muitos pacientes esperam receber medicamentos. Isso acontece porque eles têm falsas idéias sobre a eficiência e a segurança das drogas. É muito mais fácil terminar uma consulta entregando uma receita, mas isso não quer dizer que é a coisa certa a ser feita. Os médicos deveriam educar os pacientes e prescrever medicamentos apenas quando eles são essenciais, úteis e capazes de fazer mais bem do que mal.

Que problemas os remédios causam?

Sonolência, enjôos, dores de cabeça, problemas de pele, indigestão, confusão, alucinações, tremores, desmaios, depressão, chiados no ouvido e disfunções sexuais como frigidez e impotência.

Em um artigo, você cita três greves de médicos (em Israel, em 1973, e na Colômbia e em Los Angeles, em 1976) e diz que elas causaram redução na taxa de mortalidade. Como a ausência de médicos pode diminuir o risco à vida?

Hospitais não são bons lugares para os pacientes. É preciso estar muito saudável para sobreviver a um deles. Se os médicos não matarem o doente com remédios e cirurgias desnecessárias, uma infecção o fará. Sempre que os médicos entram em greve as taxas de mortalidade caem. Isso diz tudo.

Muitas pessoas optam por terapias alternativas. Esse é um bom caminho?

Em diversas partes do mundo, cada vez mais gente procura práticas alternativas em vez de médicos ortodoxos. De certa maneira, isso quer dizer que a medicina alternativa está se tornando a nova ortodoxia. O problema é que, por causa da recusa das autoridades em cooperar com essas técnicas, muitas vezes é possível trabalhar como terapeuta complementar sem ter o treinamento adequado. Medicina alternativa não é necessariamente melhor ou pior que a medicina ortodoxa. O melhor remédio é aquele que funciona para o paciente.

Em um de seus livros, você afirma que a tecnologia piorou a qualidade dos diagnósticos. A lógica não diz que deveria ter acontecido o contrário?

Testes são freqüentemente incorretos, mas os médicos aprenderam a acreditar nas máquinas. Quando eu era um jovem doutor, na década de 70, os médicos mais velhos apostavam na própria intuição. Conheci alguns que não sabiam nada sobre exames laboratoriais ou aparelhos de raio X e mesmo assim faziam diagnósticos perfeitos. Hoje, os médicos se baseiam em máquinas e testes sofisticados e cometem muito mais erros que antigamente.

Você faz ferrenha oposição aos testes médicos realizados com animais em laboratórios. De que outra maneira novas drogas poderiam ser desenvolvidas?

Faz muito mais sentido testar novas drogas em pedaços de tecidos humanos que num rato. Os resultados são mais confiáveis. Mas a indústria não gosta desses testes porque muitos medicamentos potencialmente perigosos para o homem seriam jogados fora e nunca poderiam ser comercializados. Qual o sentido de testar em animais? Existe uma lista de produtos que causam câncer nos bichos, mas são vendidos normalmente para o uso humano. Só as empresas farmacêuticas ganham com um sistema como esse.

O que você faz para cuidar da saúde?

Eu raramente tomo remédios. Para me manter saudável, evito comer carne, não fumo, tento não ficar acima do peso e faço exercícios físicos leves. Para proteger minha pressão, desligo a televisão quando médicos aparecem na tela apresentando uma nova e maravilhosa droga contra depressão, câncer ou artrite que tem cura garantida, é absolutamente segura e não tem efeitos colaterais.

Vernon Coleman • Tem 57 anos • Gosta de escrever livros de ficção e já publicou 12 romances • Divide seu tempo entre o interior da Inglaterra e uma cobertura no centro de Paris • Sofre de "cotovelo de tenista" nos dois braços por causa da má-postura ao digitar

Comentários

Anônimo disse…
Santa Cristina,
li atentamente teus posts, como sempre faço.
Parei de dar aulas, e faz tempo por conta destas coisas que relata.
Mas o cara que mais gosto na vida, o cara mais legal que conheço, é, era professor.
Hoje toma por volta de 30, 35 comprimidos todos os dias.
O Gilson tem uma doença profissional, adquirida em salas de aula, como tantos, passa 3 dias por semana no Hospital do Servidor.
Como ele quantos existem???
E ninguém se importa, ninguém mesmo.
Haverá solução para a vida no Ocidente?
Lamp
wagner pires disse…
Cris, o professor de que você desconfia, o eventual, é o analgésico no sistema, porque ninguém está pronto para suportar 50 pessoas - com exagero - em uma sala. Eu, quando estudante, passei por isso, uma sala que não tinha sequer mesas suficientes, de tantos alunos. Caíam como peças de dominó, os coitados que tentavam lecionar. E terminamos quase sem uma única aula de algumas matérias, porque ninguém topava encarar uma sala dessas.
E o colégio era "melhor" no turno. Hoje, talvez os chantageassem a expulsar alguns alunos, como se a culpa também fosse deles. O sistema de educação "ford" está precário. Aliás, deve mesmo ter alguma coisa em comum, o sistema educacional brasileiro e a produção industrial, herdeiro do MEC-USAID - deve ser esse o acordo - da escola para favorecer o sistema privado. A escola pública é usada para fazer propaganda da outra, que é péssima, mas leva a propaganda de ser "superior". O resultado é a droga de escola, a droga na escola e o professor se drogando com tranqueiras industriais. A gente sabe que "está melhor" financeiramente. O problema ainda é o conceito: o governo tem, por exemplo, 500 mihões para premiar. Por que não paga proporcionalmente, conforme as diferenças salariais de carreira, a TODOS? Daria pelo menos um aumento mensal de 100 reais. E cada professor é tratado como peça de um jogo: dão reconhecimento para uns, contra afastamento e auxílio-doença aos outros. Todo mundo, com alguns anos no magistério, conhece ou vive uma situação dessas de desgaste. Para tratar com pessoas? Não acho que ensinar seja a pior coisa do mundo. Mas ninguém parece mesmo se importar que de um lado os professores saiam lesados, de outro, os estudantes.
Por isso, meu mais abraçado aperto sentimental por sua atitude. Jogue mesmo esses temas. Abraços...............
Faço coro com Lampião e com Wagner! É preciso mesmo inventariar essas dores, impasses, dispautérios, exorcizar todo esse purgatório de perplexidades dilacerantes! Tua atitude não pode jamais ser confundida com falso moralismo! É, isto sim, uma clara busca de sanidade, de resistência!
Valeu: dEspautério, com "e". E Zizek não tem o "c" que vc colocou. Então 'tamos' empatados!*rsrs Mas pra dizer a verdade, EU CAGO E ANDO pra essas observações de senil diaconato ortográfico! Queria mesmo que todos falássemos BRAZILEIRU ao invésh de portuguêsh!:-) Que o que se fala soando com "i", se escreva com "i", "s" com "s", "z" com "z", e por aí vai... Evoé, Glauber Rocha! Mas então, ainda falando a verdade (?!), acho que o VIL-nícius é um heterônimo seu, Cris! Grande sacação esquizóide a sua!:-)

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