Ando tão cheia de culpas que qualquer coisa que eu diga será dita contra mim.
Ah! Onde estávamos? Sim, o ano novo. Sempre o começo e o fim. Mais o fim creio eu - pulsão coletiva de morte. Começo a compreender porque um certo homem que conheci só bebe nessa época do ano. Mas bebe mesmo. Acorda bêbado e volta a beber. Bebe de tudo que gosta e o dia todo pois seus rendimentos permitem-lhe gozos etílicos senão raros, de certa linha e classe. Começa em meados de novembro e vai assim bêbado por todo o mês de dezembro. Para no dia 1º de janeiro. Rins e fígado em pandarecos. Sua úlcera sempre a chiar. Chás amargos. Outros remedinhos. Há anos safa-se dos contatos de final de ano através de tal método. Tolerado pela família e amigos como um homem metódico sem que isso se explique muito bem, mas que para mim faça muito sentido. Se tens bons rins, fígado e um estômago razoável poderá tentá-lo. Não é meu caso - embora não faça feio nos últimos anos. Neste, perdi a consciência e a inconsciência também. Mas não consegui manter a constância etílica da coisa. Creio ser muito cristã. Ressaca e culpa são sinonimias quase perfeitas e insuportáveis.Tratemos nossas angústias doutras formas. Não as intimidemos mais. À visão da cabeça da medusa, nem mais um gole!
Infelizmente não há o que comemorar.
Felizmente ainda há com quem comemorar. CRICA
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beijo