"... estudo realizado pela universidade de Maryland, nos EUA, e que será publicado na revista Social Indicators Research, reportou que pessoas infelizes assistem mais televisão e as que dizem que são “muito felizes” gastam mais do seu tempo lendo e socializando-se."http://hypescience.com/felicidade-tv/
Não precisava sair na Social Indicators Research. Eu já desconfiava que ver televisão deixa as pessoas infelizes – na melhor das hipóteses. Intui isso na minha melancólica adolescência. Naqueles tempos eu não tinha opção: ou via televisão, ou via televisão. Acho que para muito jovem ainda deve ser assim. Tive overdose de TV e desenvolvi uma certa ojeriza a ela. É claro que abandonar esse vício não foi fácil, nem proposital. Mudei muito de casa, fiquei sem tv, morei em lugares impossíveis de captar imagem e quando percebi o mal estava controlado. Hoje quando interpelada acerca de um factóide policial, político, ou um programa desses da moda, respondo: Ah ! Eu não vejo televisão há 15 anos mais ou menos. E digo isso com o mesmo orgulho de um alcoólatra abstêmico. Não fiquei mais feliz, não. Nem levo a sério esse negócio de ser feliz. Mas garanto que minimizei meus momentos infelizes.
Ah, e por falar em melancolia eu estava atrás desse poema há um tempo...o nome dele é MALINCULIA e é do Antônio Sales. Diga lá se não é uma lindeza:
Malinculia, Patrão,
É um suspiro maguado
Qui nasce no coração!
É o grito safucado
Duma sôdade iscundida
Qui nos fala do passado
Sem se torná cunhicida!
É aquilo qui se sente
Sem se pudê ispricá!
Qui fala dentro da gente
Mas qui não diz onde istá!
Malinculia é tristeza
Misturada cum paxão,
Vibrando na furtaleza
Das corda do coração!
Malinculia é qui nem
Um caminho bem diserto
Onde não passa ninguém...
Mas nem purisso, bem perto,
Uma voz misteriosa
Relata munto baxinho
Umas históra sôdosa,
Cheias de amô e carinho!
Seu moço, malinculia
É a luz isbranquiçada
Dos ano qui se passou...
É ternura... é aligria...
É uma frô prêfumada
Mudando sempre de cô!
Às vez ela vem na prece
Qui a gente reza sósinho.
Outras vez ela aparece
No canto dum passarinho,
Numa lembrança apagada,
No rumance dum amô,
Numa coisa já passada,
Num sonho qui se afindou!
A tá da malinculia
Não tem casa onde morá...
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Ela véve noite e dia
Os coração a rondá!...
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Não tem corpo, não tem arma,
Não é home nem muié...
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E ninguém lhe bate parma
Pru causo de sê quem é!
.........................
Ela se isconde num bêjo
Qui foi dado há muntos ano...
Malinculia é desejo,
É cinza de disingano,
Malinculia é amô
Pelo tempo sipurtado,
Malinculia é a dô
Qui o home sofre calado
Quando lhe vem à lembrança
Passages de sua vida...
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Juras de amô... isperança...
Na mucidade colhida!
.........................
É tudo o qui pode havê
Guardado num coração!
.........................
É uma históra qui se lê
Sem forma de ispricação!
.........................
Pruquê inda vai nacê
O home, ou mêrmo a muié,
Capacitado a dizê
.........................
Malinculia o qui é!!! *************************************************
Quando dá passo lá. A Casa dos Cordéis não é muito longe de casa. Fui três vezes. Assim, quase de passagem. Tava passando e...outra dimensão da palavra. Ótimo passeio para tardes de passagem em Guarulhos.
CRICA
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