Tô viva. Sobrevivi à ceia de Natal em família. E eles a mim. Não sei ainda se odeio ou adoro esses rituais. Não há como negar as inúmeras reflexões que essa época nos ilustra sobre a cegueira coletiva através do consumo desejoso e inútil. Sacos sem fundo, alcançamos nunca a felicidade fugidia, imaginativa e nos esquivamos cada vez mais da realidade pavorosa - o trauma do encontro com o próximo - e o que resvalamos fantasiosamente é um nada que nos leva a outros desejos tão inúteis como os anteriores.
Estou tentando ler Zizek. Dica estimulante de Tom Zé que em seu Blog propôs a leitura coletiva de Arriscar o impossível do autor. Já havia lido em "Um mapa das Ideologias" alguns textos da coletânea organizada por Zizek que estremeçeram meu pensamento - Aparelhos ideológicos do Estado de Althusser, por exemplo. Eu disse estou tentando porque, além das inúmeras interrupções natalinas, o conteúdo das conversas entre Zizek e Glyn Daly - o texto é uma espécie de batepapo entre os dois- que remete muitas vezes a outras teorias - Lacan, Heidegger, Hegel, Kant - exigiu de mim uma pesquisa paralela sobre questões e termos fantasmagóricos para meu parco conhecimento filosófico. Porém, não há tantos sustos. O livro não destina-se a filósofos ou estudantes de filosofia mas a " Nós outros, que precisamos de discussão, também temos vez nessa leitura. " - Tom Zé respondendo minha angústia. Sobre a leitura escrevo algo depois e também sobre essa iniciativa do Tom Zé.
A última vez que tive contato com o mundo social da city dos maromomis, fui ao Adamastor pra ver um encontro entre bandas. Cara Suja no palco e antropoesia na platéia - Wagner e Douglas numa alegria indizível me faziam pensar quanta coisa legal essa rapaziada tem pra comemorar e eu também comemoro porque gosto à beça de ver gente assim feliz.
Muitos Blogs desligados - O Boca de Trombone faz uma falta danada - e a gente compra jornal. A indústria da guerra macula minha manhã. Onde iria juntar minha voz a outras? Genocídio, sim! Genocídio, não!
CRIS
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