"Professora, posso ir ao banheiro?"
Não mija, não caga, não fala, não peida, não pensa, não existe. Aluno meu só delira ao som da minha voz... . Menino! Não se mexa! Tá se mexendo por quê?
Se eu fosse secretária da educação ia mandar instalar nas carteiras dos pimpolhos assentos elétricos. Choque na bunda deles! Ia justificar com um conceito de cognição que elaboraria entre cu e cérebro.
Mas o que é que tem nos banheiros de escola que os caras tão sempre querendo ir lá? Vou sugerir no próximo planejamento, aulas no banheiro. Só fazemos merda mesmo.
Escola é um lugar de fazer doidos. A gente faz e depois manda ou para fábricas ou para hospitais ou para presídios – creio que as mansardas estão cheinhas de ex-alunos. Eu nunca mais na minha vida queria ser moleque, muito menos menina. A democracia começa com a tua não escolha de não poder não ir pra escola pra pegar o leite e comer merenda.
Aí de mim.... caí na esparrela que ser professora era também poder revolucionar... Que bela fêssora eu seria. Quinze minutos.... se eu pensasse mais quinze minutos, não me enfiaria nessa roubada – que nem porta de saída tem. Sala de professores é qualquer coisa parecida com senzala chique ou estábulo do exército de Brancaleone ou gineceu de putas virgens. E eu achando que era uma besta burrra só porque fiz minha graduação naquela faculdadezinha de fundo de quintal. E o que dizer da moça alienada que se formou na USP que também enche de pontinhos um troço chamado diário de classe? Li que mais de 50% delas nunca tiveram um orgasmo...São Reich nos proteja e acuda. Aquele cheiro de buceta encruada na sala de professores asfixia. Eu não suporto mais isso! Euzinha num merecia isso, ateus bem sabe que nunca quis ser boa moça, queria ser a moça boa, boazuda, só dar, dar, arreganhadamente dar. Mas aulas? Aulas, não. Aulas nunca mais.
A primeira coisa que a gente desaprende pra ser professora é a rebolar. Professora não rebola. Eu venho observando isso há anos. Sou sempre a última a sair da senzala de mestres pra ir pro paudearara sala de aula. Faço de propósito. Tenho visto. Professora anda de um modo professora. Poem diários nos peitos que é pra escondê-los- onde já se viu professoras de tetas? E anda resignadamente no pasto de sua servidão. Quase não levantamos os pés do chão. É um andar arrastado, de cágado acorrentado.
"Não senhor. Aluno meu não mija. "
Joana Cellinè
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