Latejava na memória a promessa de suicídio feita na infância ao notar a tristeza dos que envelhecem de repente. Acabaria com tudo antes de sentir-se uma presa do tempo. Nunca a pele craquelada e amarela, seus cabelos não perderiam o viço, seus passos jamais seriam lentos, a melancolia dos velhos não substituiria sua alegria juvenil. Ali mesmo aos treze anos jurou, mataria-se antes.
Mas de repente... quarenta primaveras, verões, invernos e outonos. Quarenta natais, páscoas e quarenta carnavais.
Não que não tivesse tentado.... nos últimos vinte anos três ou quatro tentativas vãs.
O tempo triunfante a devoraria como fez com sua avó, mãe e tias. Completar quarenta anos atestava sua covardia de viver e de morrer...
Não fosse aquele dia...não fosse aquele beijo...beijo adolescente, quase roubado, demorado e quente.
CRICA - 17/01/2005
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