O país do "tudo bem"
Você é dos que sinceramente param pra pensar quando ouve um "COMO VAI?"
Ou, pior, entra em crise quando vê-se obrigado a responder um" TUDO BEM?" com outro "TUDO BEM!", quando tem certeza que tudo está uma merda?
Certa vez, um conhecido me chamou de chata, diante da minha insistente franqueza ao seu "TUDO BEM?". Esse aí me explicou que só os chatos respondem sinceramente a essa pergunta que nunca tem por finalidade saber como você tem passado, mas apenas fazer ecoar do outro lado uma respostinha tão finginda como a perguntinha mentirosa, de preferência acompanhada de um "Graças a Deus", pra avalizar o jogo social das relações inúteis do dia-a-dia.
Ufa! Falei! Estava com isso engasgado há anos aqui, o cara até já morreu. Mas saiu!
Tudo bem não!
Sou alergicamente sensível à ditadura da aparente felicidade da patuléia eufórica consumidora de relações baratas!!
Bem vindo, ou bem vinda ao meu quintal!
Aqui não vou te perguntar "COMO VAI?" ou "TUDO BEM?"
Também vou evitar o “E aí?”, “Qual é?”, “Tranqüilo?”, “Beleza?”
A palavra provocadora, forte, integral é aquela que estimula o diálogo e não a que determina o monólogo suspenso e oco do "TUDO BEM!"
Compare:
"Há quanto tempo!", " (O) que (que) você está fazendo aqui?", "Que bom te ver viva!", "Estava morrendo de saudade!", "O que (que) você tem para contar?" "Que surpresa!" "Estava mesmo querendo conversar com alguém!"
Palavra não é enfeite, palavra é chave transformadora e estimuladora do diálogo e destino humano.
Dica: no site aí abaixo tem um texto muito estimulante com o seguinte título:" O país do tudo bem", de Roberto Pompeu de Toledo. É da Veja, mas dá pra ler!
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