"— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!" Machado de Asis - Um apólogo Alguém muito importante na minha vida morreu por estes dias. Foi um enterro veloz, pois todos tinham de voltar à rotina enfática de que a vida continua, ao menos até ali. Momentos como este sempre me deslocam para um outro tempo. Me põem em crise no desconserto inseguro e incerto do vida, através do confuso gesto da amargura do luto. Sim a vida continua mas tatua novamente na minha alma a imagem da cova rasa onde depositei o rosto e corpo que nunca mais verei, já há muito ausente da voz e movimento que agora nunca foram tão vivos. Sou destes seres que todos os dias lembra-se que vai desaparecer. Acostumei-me a companhia fiel da morte e gosto de caminhar com ela ao meu lado enlaçada à vida. De maneira, que alguns, concluindo-me mórbida, pensam que este luto infindo que trago no peito seja-me um problema ou defeito. Não sinto assim. É no gosto atento da minha e da